segunda-feira, agosto 07, 2006

O Pingente 8.0

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Japão,
Ilha Honshu,
Região Tohoku,
Província Fukushima,
Parte central da cidade de Aizuwakamatsu aos primeiros raios de sol.





- Senhor Toyotomi, ele chegou. Está encarando os portões do castelo. Venha, precisamos levar o senhor a algum lugar seguro o quanto antes, já está tudo preparado para sua partida.

Aquele homem novo, com suas jóias e roupas de tecidos finos, ignora os apelos de seu subordinado enquanto fita, pela janela, o pátio de seu castelo. Em seus olhos não estão refletidos as árvores de cerejeira, nem os bem cuidados jardins, nem seu vasto exército enfileirado com ótimas armas e armaduras, seus olhos tampouco refletem a riqueza da cidade interna. Nos olhos deste homem só um objeto está refletido: os portões de Aizu pois atrás deste, pelo lado de fora, há um homem, um velho de roupas rotas e chapéu de gravetos.

- Me diga, Lin, você acha que Tokugawa realmente vencerá esta batalha?

- ...

- Não vou partir. Prepare minha armadura e dê-me minha espada. Certifique-se que todo meu exército esteja no pátio e preparado para lutar, diga ao meu capitão para que o exército cause o máximo de ferimentos possíveis neste maldito ronin.

- Sim. Com licença senhor.

Alguns minutos depois ouve-se um imenso estrondo. Os potentes portões de Aizu arrebentam-se do meio para as extremidades. Pesados pedaços de madeira maciça caem, enquanto outros precipitam-se contra o exército prostado no pátio. Alguns soldados, acertados por estes pedaços, tombam. No meio daquela confusão, gritos estridentes comandam o exército para se organizar enquanto uma figura ágil parece voar de fora do castelo vindo em direção aos homens. A figura ágil tem em sua mão uma única espada longa e reluzente, com um cabo branco ornamentado com cobras. Aos poucos aonde este homem está, soldados caem como dominós. Flechas são disparadas inútilmente pois não acertam o alvo, sendo facilmente bloqueadas ora com a espada, ora com o corpo dos soldados que infelizmente são arremessados ou segurados pelo inimigo. O velho parece dançar enquanto desvia facilmente das flechas, espadas inimigas e ao mesmo tempo acerta golpes mortais com os pés, mãos, ombros, e a fatal espada de cabo branco. Alguns soldados, ao cair, pensam como aquele senhor consegue ver alguma coisa com aquele chapéu de gravetos cobrindo praticamente todo o seu rosto. Há muito sangue no pátio de pedras. O exército, antes composto de centenas de homens, começa ter seus número reduzido. A massa de guerreiros começa a recuar para o castelo enquanto a tropa mais afastada de arqueiros recarrega as armas. O velho ronin não demonstra cansaço, ele empurra e puxa soldados ao seu bel prazer para usá-los como escudo ou como arma contra os demais. A espada de cabo branco, OushouRyu, é arremessada vez ou outra contra um inimigo que demonstra mais perigo e rapidamente recuperada pelo seu dono que sorri ao realizar alguma proeza.

Minutos se passam até que finalmente os soldados que restam de pé recuam. O velho sobe rapidamente as escadarias principais que levam às portas do castelo. Ele embainha sua espada e, com ambas as mãos, empurra as portas que dão ao salão de entrada.

- Shogun. Grita o velho.

No meio do amplo salão com grandes colunas de mármore e tecidos pendurados no teto está o senhor feudal de Aizuwakamatsu. Sua armadura tem o desenho de um tigre cinza no peito. Suas vestes, preta e prata, são dignas de um dos homens mais poderosos e ricos de Honshu. Sua coragem é típica de um grande líder.

- Rinnoue, na sua idade você não deveria estar aposentado e descansando em algum canto humilde?

- Eu descansarei assim que o japão estiver unificado e em paz, Hieni.
Fala o velho enquanto tira o seu chapéu jogando-o para um lado.

- Se você não ajudasse os Tokugawa, estaria em paz descansando na sua casa.
O daimyo aproxima-se de seu inimigo com suas espadas nas mãos e fica em posição de luta apontando a menor delas para o velho e erguendo a maior sob sua cabeça.

- A unificação vai parar a guerra. Eu não tenho mais casa desde que minha vila foi destruída. Não tenho mais pessoas que amo. Estou aqui para dar um fim à isto, Hieni. Eu ainda tenho o pingente de Ieyasu Tokugawa. Após te matar não existirá nenhum pingente do clã Toyotomi, exceto o de seu irmão Hideyoshi. O destino de seu clã está selado.

O nobre respira e começa a correr contra o ronin. O velho brande OushouRyu antes de partir em disparada contra o senhor feudal. Rinnoue pula em uma coluna e desvia sua direção fazendo um ataque de cima enquanto Hieni finca seus pés no chão e defende-se com uma espada enquanto golpeia com a outra. Há um brilho de faíscas que saem do choque das espadas. O velho cai em pé atrás do nobre que gira facilmente bloqueando uma nova investida do ronin enquanto tenta acertar o velho com a espada mais curta.

Do lado de fora ouvem-se os estalos de aço se chocando.

continua...

3 comentários:

Anônimo disse...

kra, vc é muito louco... rsrsrsrs
isso tudo sai da sua cabeça?
te amo !

Ricardo, O Louco disse...

Clarooooo
E não é só invenção não !
Procura a época, o lugar, as pessoas, os termos. Tudo tem fundamentos, mesmo que malucos.
:p

Anônimo disse...

Suas histórias são uma viagem. Você tem talento, maluco.